22 março 2006

Paísinho de merda, este!

* MERDA: excremento, porcaria, sujidade, coisa reles, coisa desagradável, insignificância (do latim, merda)
Não é meu costume, pelo menos neste espaço, escrever sobre temas desagradáveis mas de hoje não passa. Ouve-se todos os dias na rua, no metro, no elevador, nos media, resumindo, em todo o lado, dizer mal do país em que vivemos. Eu vivo nele há 25 anos e, sinceramente, estou pelas pontas dos cabelos.
Num país onde democracia rima mais com porcaria do que com alegria, onde igualdade rima mais com nulidade do que com realidade e onde liberdade rima mais com impunidade do que com verdade, sinceramente, não me apetece nada viver.
Muitos dirão: OK, faz as malas e vai-te embora. Tu até nem és de cá! Pois não, “só vim cá ver a bola”, mas entretanto no intervalo do jogo, o meu filho nasceu e é por ele que ainda cá estou. Porque dei o benefício da dúvida e aceitei que este país lhe podia dar melhores condições de vida, em função da deficiência com que infelizmente nasceu. O suposto primeiro mundo não tem a fama de “cuidar” melhor dos seus e de respeitar os direitos do homem?
Uma ova. Sabem o que é a UADIP? É apenas a única instituição estatal no norte do país (Rua Campo Lindo no Porto) a facultar gratuitamente terapia de vários tipos a crianças com deficiências mais ou menos graves, desde Trissomia21 como é o caso do meu filho até paralisia cerebral, passando por todos os outros tipos de deficiência. Pois, pasmem, essa instituição foi obrigada a encurtar em uma hora os seus horários de atendimento durante o período de Inverno por falta de verba para pagar a factura da EDP. Qual o papel do Estado? Pagamos todos impostos para quê? Paísinho de merda, este!
Ainda hoje recebi de um amigo um mail com os valores das pensões que o actual presidente da república recebe dos “empregos” anteriores. Vai acumular, além do ordenado de presidente, a simpática quantia de 9.356 €. Só as pensões de um mês devem dar para pagar a tal hora de electricidade à UADIP durante uns anitos largos. E nem sequer é uma questão de cor partidária porque eu sou pelos acastanhados, a cor do país. Paísinho de merda, este!
Na semana passada fui obrigado a deslocar-me à Direcção Geral de Viação por ter reclamado de uma multa. Há cerca de um ano cruzei-me por azar, no trânsito, com um condutor que me atirou ostensivamente para a valeta. Fui atrás dele e gestualmente disse-lhe que deveria ter calma, pelo menos pelas crianças que tanto ele como eu transportávamos. Mostrou-me um papel que eu não identifiquei mas parei. Era o cartão de PSP: ele estava à paisana, num dia de folga. Mesmo assim inventou uma multa. Reclamei-a e o nosso “digno” representante da lei vai agora levar com a dita, a braços com um processo disciplinar. Mas com outro qualquer que pagasse para evitar chatices, talvez a “autoridade” ainda ganhasse uma comissãozita da multa. Paísinho de merda, este!
Criei, como empresário, dois postos de trabalho no meu escritório: um deles é um primeiro emprego. Como tal requeri a isenção que a segurança social confere em situações semelhantes, durante 3 anos. A funcionária que me atendeu na altura, aborrecida por ter de interromper um telefonema importantíssimo para uma amiga, telefonema esse que nós todos pagamos, esqueceu-se de me dar um dos 35 formulários necessários. Resultado: dezoito meses depois recebo uma citação para pagar 1629€ visto que “não tem pago a taxa de segurança social devida”. Sem qualquer hipótese de me safar, recorri ao “Factor C” por indicação de uma amiga. E se o meu “Factor C” não for suficiente, a funcionária paga por mim? Paísinho de merda, este!
Para completar o ramalhete, foi-me recentemente cortado o abono complementar de família, por deficiência do meu filho, porque sou empresário em nome individual. Pago 140 € por mês para a segurança social e por isso não tenho direito a nada. Mas se quiser, disse-me a diligente funcionária, “pede” para passar para o outro escalão, passa a pagar 180 € mensais e já é equiparado ao regime geral e já tem outra vez direito a tudo: subsídio para assistência à família, abono complementar, etc. Pois vou fazer exactamente isso que estão a pensar: vou pagar os 180 € mensais e vou, a partir dessa data, passar a exigir tudo a que tiver direito. Até os subsídios de que não precise. Paísinho de merda, este!
Isto para só falar de acontecimentos que me atingem pessoalmente. Poderia aqui escrever artigos de opinião com temas tão sórdidos como: Afinal o saco da Felgueiras não era azul, Os meninos à volta da fogueira na Casa Pia, Quanto custou o árbitro do Rio Ave-Benfica, etc. Muito mais poderia ser dito. Paísinho de merda, este!
Voltando aos meus “casos”, a maioria dos que lerem isto vai pensar que eu sou um gajo azarado, que está no sítio errado à hora errada, que a culpa é da camada de ozono, que é o meu Karma, etc. Mas cuidado, isto não acontece só aos outros.
Olhem bem por onde andam para não se sujarem neste “nosso” PAÍSINHO DE MERDA!

10 março 2006

Ébeia

Não há sítio que exerça fascínio tão grande no Marcelo como a casa dos nossos primos em Cerveira. Como ele próprio diz: “a casa de Ébeia (leia-se Cerveira) do Toné e da Guita (Joné e Rita).
Talvez por lá ter passado as suas primeiras férias com pouco mais de um mês de vida, por lá regressar regularmente e porque tem lá a companhia dos primitos para brincar, ele sente a casa como sua. Aliás, é o Hugo quem o diz: “Ariana, deixa o Marcelo que a casa também é dele!”
Já tinha planeado abordar aqui o tema de Cerveira mas com maior justeza o faço neste momento porque passámos lá, mais uma vez, o último fim-de-semana. E como não podia deixar de ser, choveu e bem. Aliás o Joné costuma dizer, com piada mas também acerto, que quando precisa que chova por causa da relva, convida-nos. É matemático. De tal forma que não me consigo lembrar de lá passar mais do que alguns, poucos, dias de verdadeiro calor e sol. Mesmo em pleno verão.
Recordo por exemplo, e este não poderia esquecer porque foi a véspera do nascimento do Marcelo, o dia em que vimos de dentro da piscina e de caipirinha na mão, a vitória do Brasil na final do mundial da Coreia-Japão: um daqueles momentos felizes de que já falei noutro “post” e ao qual “Regressarei” em pormenor um dia destes.
Já lá passámos férias em diversas ocasiões mas são sempre mais os dias chuvosos do que os outros. Ainda no ano passado acabámos por regressar a casa mais cedo pois os dias de chuva e frio em pleno Julho sucederam-se. Mas o facto de gostarmos tanto de lá estar leva-nos a voltar sempre.
Este é também um agradecimento aos seus legítimos proprietários, embora tenha a certeza que para eles, estas palavras são tão desnecessárias quanto inesperadas. Sempre nos fizeram sentir a sua casa como nossa, talvez porque também cedo perceberam que era efectivamente assim que a sentíamos e tratávamos.
Para quando o próximo fim-de-semana? Mesmo que eles não possam ir, sei que temos sempre a chave à disposição.

08 março 2006

Dia da Mulher

Uma Rosa de Porcelana da minha terra para todas as mulheres do mundo. Todos os dias deveriam ser o Dia da Mulher.

Um beijo a cada mulher importante na minha vida.

03 março 2006

Kilas, o Mau da Fita

Pois é, meus amigos. Mais de vinte anos depois, finalmente a RTP resolveu retransmitir o Kilas!!! O velho e tipicamente alfacinha Kilas. O Mau da Fita. O “malandro” por natureza. O “Chuleco” de meia-tijela que “as” punha todas a render para sustentar a madrinha.

Reparem no excerto: “Vivíamos do ar. Do ar, dizia a madrinha, enfurecida com o nosso modo de viver entre o café do bairro, a batota e os cabarets vazios das noitadas lisboetas. Da madrugada! Onde se traficava o nosso pequeno contrabando: tabacos, transístores, antenas, umas miúdas lançadas à vida, postas a render, é claro, e a quem púnhamos nomes de guerra em vez de números: era a Palito LaReine, a Rosa Enfeitada, a Mimi Bocas-Fora, a Lili Bóbó que agora por acaso até é uma senhora…” Fantástico!

Que saudades tinha das tardes passadas em casa do Zézé a ver e rever o filme…… até se ter avariado o bendito vídeo 2000 comprado em Manaus, que ninguém conseguia consertar. Usava umas cassetes como as de música: gravavam dos dois lados! E assim ficou inutilizada tão preciosa relíquia.

Perdi a conta, ao longo destes anos, a quantas portas bati, em quantas lojas entrei, quantos mails, faxes, cartas enviei para conseguir uma cópia do filme. Em vão. A resposta era sempre a mesma: lamentamos, mas o filme nunca foi editado em VHS e muito menos em DVD. Só a RTP é que o poderá eventualmente disponibilizar. Mas não disponibilizou! Até um fax enviei para casa do José Fonseca e Costa, o realizador do filme (que diga-se de passagem, nem se dignou ao menos “mandar” responder). Contactei tudo quanto é instituto, fundação, instituição, associação que estivessem relacionados com o cinema nacional. Nada!!! E finalmente deu na televisão, perdido entre as produções americanas de discutível qualidade e as telenovelas brasileiras que inundam os nossos canais, alguém se lembrou que em Portugal também há obras de arte que merecem ser vistas, como este Kilas, o Mau da Fita.

E já matei as saudades!