18 dezembro 2006

Boas Festas

... é o que desejo a todos aqueles com quem não vou conseguir falar nos dias que faltam para as festas, aqueles a quem não me vai ser possível telefonar ou enviar SMS, aqueles a quem vou mandar e-mails que virão devolvidos e a alguém de quem me possa eventualmente vir a esquecer, embora não seja meu costume.
E a todos os outros também porque repetir desejos de coisas boas nunca é demais.

07 dezembro 2006

"Velhos" mas com juízo

A partir do momento em que se começa a trabalhar, em que se entra para a vida activa como pomposamente se diz agora, em que se casa, em que se tem filhos, nada é como dantes! (Quem terá sido o gajo que disse isto pela primeira vez? Não é que a expressão tem pinta!)
Mas como estava a dizer, nada volta a ser como era (Esta também é boa!). Não voltamos a ter disponibilidade ou apenas disposição para fazer certas coisas que até então eram banais, frequentes e quase obrigatórias de tão rotineiras.
Refiro-me por exemplo a passar uma noite com os amigos do costume a jogar cartas, despreocupadamente, até quase ser dia.
No sábado passado juntámos a “velha guarda” (quase toda…), o velho baralho, uma garrafa nova e aí vai disto até às quinhentas. “Quem é a baralhar? Casa, que és tu a dar!”
Mais do que pelo entusiasmo do jogo, foi bom porque matámos saudades uns dos outros. Alguns não se encontravam há muito tempo e a última vez que nos tínhamos juntado todos foi há cerca de sete anos.
E fiquei feliz por outra razão. Nós que enchíamos cinzeiros atrás de cinzeiros durante uma noite, ao ponto de quase não nos vermos no meio do nevoeiro, deixámos todos de fumar (ok, falta um, mas de castigo aguentou só com um cigarro toda a noite) e nesse aspecto foi como se cada um tivesse direito a um ás de trunfo.
Uma nota final para o “dia seguinte”: as pálpebras (pronto, ok, a cabeça toda!) pesam muito mais agora, depois de uma noite em claro, do que na altura. Mas valeu a pena.

04 dezembro 2006

O que fazer sem internet?

1992
Acordo e preparo-me para ir para a faculdade. A rádio noticia que a agência Lusa acaba de anunciar um atentado ocorrido ontem à tarde em Roma.
Enquanto espero que o leite amoleça os cereais, seguro a cabeça para que não volte a adormecer em cima da mesa, tal é o entusiasmo de estar acordado a esta hora.
Pego na pasta e saio de casa, onde volto ao fim de meia hora, porque depois de ter estado à espera do autocarro, reparei que me tinha esquecido do passe.
Quando chego à faculdade a primeira coisa que faço, depois de tomar um café no bar, é verificar que os meus colegas estão todos sós e salvos, pois tenho receio das consequências dos desvarios etílicos da nossa saída de ontem à noite.
Podia ir agora às aulas mas ficaria com a manhã perdida, pois são mais de quatro ou cinco. Vou guardando os apontamentos e aproveito os fins-de-semana para limpar.
Sou interrompido por um parceiro que me pergunta se o ás de paus já saiu e para tirar a dúvida resolvo pedir a opinião de um colega. Através de um sinal, faço a ligação porque de outra forma a jogada me poderia custar “apenas” meia semanada.
Entretanto toca o bip e como ainda estou meio da jogada, deixo tocar, pois mais tarde poderei ligar. Assim não há queixas do género: “Liguei-te mas não atendeste”. Atendo sempre, logo que posso.
De repente, lembro-me que falta preparar um tema para a aula da tarde e vou rapidamente à biblioteca. Pesquiso alguns livros sobre jogos de cartas, depois de não conseguir esclarecer uma dúvida sobre economia porque o livro que queria não está disponível.
2006 Dezembro
Acordo e deixo que o rádio me actualize sobre os últimos acontecimentos do mundo, mesmo os que aconteceram há apenas poucos minutos. Visto o fato de treino e aproveito para carregar novas músicas no leitor de MP3 que me faz companhia durante a minha caminhada matinal.
Regresso a casa para um banho retemperador e enquanto espero que o leite amoleça os cereais dou uma vista de olhos aos jornais diários na Internet.
A caminho do escritório toca o telemóvel, que atendo depois de colocar o auricular sem fios para que não me apanhem a jeito de uma multa.
Quando chego ao escritório a primeira coisa que faço, depois de ligar o computador, é verificar os novos e-mails, dar seguimento aos de carácter profissional e enviar para a pasta “Ver Mais Tarde” os que são apenas de entretenimento. Podia vê-los agora mas ficaria com a manhã perdida, pois são mais de cinquenta. Vou guardando e aproveito os fins-de-semana para limpar.
Sou interrompido por um cliente que me contacta para tirar uma dúvida através do Messenger. A questão pode ser interpretada de várias maneiras e resolvo pedir a opinião de um colega. Através do Voip, faço a ligação telefónica que, assim, me vai custar “apenas” zero cêntimos.
Entretanto toca o telemóvel e como ainda estou ao telefone, deixo reencaminhar a chamada para o telemóvel do escritório, que alguém se encarregará de atender. Assim não há queixas do género: “Liguei-te mas não atendeste”.
De repente, lembro-me que falta preparar um tema para o programa didáctico do meu filho e vou rapidamente à Internet pesquisar algumas imagens para imprimir, depois de esclarecer uma dúvida sobre o tema na enciclopédia on-line.
Ainda só são 10 horas da manhã e lembro-me de repente do meu Mano em Luanda, sem Internet há mais de uma semana. Como é que se trabalharia cá, uma semana sem ligação?