09 fevereiro 2007

A velhinha no meio dos "marmanjões"

Embora simples amador sem aspirações a mais do que isso, gosto muito de fotografia. Não domino a sua técnica mas gosto de passear de máquina em punho e registar momentos e curiosidades.
Um dia destes, junto à praia em Matosinhos, reparei numa casa antiga, isolada no meio de prédios mais recentes, mais altos e mais feios. Parece pedir a quem nela repara que a ajude a convencer os seus altos e dominadores vizinhos a conceder-lhe o ar de que tanto precisa para respirar.
Concentrei-me na imagem e deixei que a imaginação me levasse trinta a quarenta anos atrás no tempo. As crianças que lá viveram a sua infância devem ter hoje a minha idade. Certamente brincaram nas ruas envolventes, jogaram à bola nos passeios largos, magoaram os joelhos ao cair da bicicleta nas corridas com os amigos… As famílias vizinhas conheciam-se entre si, cumprimentavam-se e trocavam impressões sobre o tempo ou confidenciavam-se segredos à medida que os anos iam passando e criando confiança de parte a parte. Ao fim da tarde os miúdos de todas as casas eram chamados para o banho para estarem prontos quando o pai chegasse para jantar. Apressavam-se então a engolir a refeição, principalmente durante os meses mais quentes do ano em que os pais os deixavam ir brincar até ficar escuro.
De repente revi a minha infância ao imaginar a vida daquela rua que outrora devia ter uma quantidade de casas como esta que sobrevive sem que se saiba como, numa floresta de torres onde ninguém sabe o nome do vizinho do lado.
O mais certo é lá morar um casal de idosos cujos filhos também moram numa torre e que se deve sentir tão só na sua casa quanto ela própria se sente só na sua rua.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A velhinha no meio dos marmanjões não é obrigatoriamente solidão. Quem se aguenta no meio dos mais novos pode simplesmente ser alguém que é capaz de conviver com eles, em corpo e em espírito. O conflito de gerações é, muitas vezes, uma oportunidade para todos aprenderem e evoluirem uns com os outros. Afinal, os marmanjões só te chamaram a atenção porque lá no meio estava uma velhinha...

bjs

12/2/07 11:22  
Blogger pasta7 said...

Li o seu blog de uma só vez. Façanha conseguida, diga-se em abono da verdade, não por mérito próprio mas pelo seu mérito próprio.
Abraço.

14/2/07 09:42  
Anonymous Anónimo said...

Eu passei a minha infância numa casa muito parecida com esta.
A casa da minha infância também vai resistindo ao passar do tempo, apesar de estar bastante degradada, rodeada de casas, em tempo, majestosas, como ela já foi.
Era tão bonita, a casa da minha infância!
Tenho muita pena de não ter dinheiro para a comprar e restaura-la ……

14/2/07 17:06  
Anonymous Anónimo said...

Para o meu namorado, neste dia especial:
“ só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
a língua "espanhola" ( que me perdoe a autora!) fica sempre bem
e nunca atraiçoa ninguém.”:
Quiero tenerte cada noche conmigo, tocar tus labios, sentir tu piel y tus caricias, susurrarte a lo oído que te quiero mucho y que lo eres todo para mí.
Bjs

14/2/07 17:35  
Blogger ponto azul said...

Parece a casinha do Stuart, o ratinho branco!Também moravam numa grande cidade no meio de 2 gigantes prédios!Bom fim de semana :-)

23/2/07 15:34  

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