23 outubro 2006

"Tenho uma tia que pinta!"

1998 - Expo 98 - Lisboa - Pavilhão de Angola
Todos temos histórias mais ou menos singulares e interessantes para contar um dia aos nossos netos, depois de um bom passeio de domingo à tarde e antes de uma aconchegante taça de chocolate quente ou de uma apetecível “cuca” gelada, conforme a latitude a que então nos encontremos. Esta é certamente uma das mais engraçadas e bem sucedidas da minha vida.
Quando visitei o pavilhão de Angola na Expo 98 em Lisboa apaixonei-me à primeira vista por dois quadros que se encontravam logo à entrada. A curiosidade levou-me, apesar de achar que o seu preço seria proibitivo, a perguntar quanto custavam e a resposta fez-me desistir, como previra, da fantasia de ver um dia qualquer uma das telas em minha casa. “Mas que bem que lá ficariam!”, ainda sonhei.
Mais de um ano depois, contei o sucedido a uma amiga angolana que vive em Lisboa e que me disse logo: “Tenho uma tia que pinta. Posso levar-te a casa dela e vais consolar-te de ver pintura africana. Queres ir?”. Aceitei de imediato.
Fui acolhido pela Arlete Marques e pelo marido como se fosse da família, que nós os angolanos somos assim!
Observei então os muitos quadros da autora espalhados pela casa mas, um pouco desiludido, reparei que os que vira até esse momento não correspondiam às expectativas criadas por diferirem bastante do estilo que eu aprecio. “Vejam também naquele quarto, onde guardo os mais antigos, de outra fase minha” sugeriu-nos.
Mal a porta se abriu, foi como se tivesse voltado a entrar no pavilhão da Expo. No meio de dezenas de quadros, lá estavam na parede em frente a nós, orgulhosamente, lado a lado, os “meus”. Não resisti e comprei um deles, por menos de metade do preço que tinham estado a pedir na Expo à revelia da autora, conforme ela me explicou.
Outro ano passou, estávamos já em 2000 e quando resolvemos mudar de casa, a Isabel lembrou-se que “na parede grande da sala” ficaria bem o outro quadro da Arlete. Peguei no telefone e soube que o “irmão” do nosso estava numa galeria em Setúbal mas que um estrangeiro o tinha já reservado: “Ficou de o vir buscar até amanhã mas tenho a impressão que não virá e se assim for, pode ficar com ele”.

Hoje, como podem ver estão ambos em nossa casa. Felizmente!

Obrigado Arlete por me ter seduzido com a sua arte e obrigado Rosa por me teres convidado a acompanhar-te.

E aqui fica o link para irem conhecer ou revisitar a artista, Arlete Marques.

2 Comments:

Blogger pasta7 said...

Épa! Que história memorável! Também sonho em encontrar algumas "coisas", para já, idas...

14/2/07 09:34  
Anonymous Anónimo said...

Também eu tenho uma tia que pinta... que por acaso é a mesma que a sua!! A tia Lette! Andava eu aqui a organizar os meus favoritos dentro da pasta "artes", quando não é minha surpresa encontro um blog a falar da tia Lette! Liguei-lhe logo para comentar e ela percebeu imediatamente que blog era, com mais curiosidade ainda fiquei, claro que assim que desliguei entrei logo para ver!
Pois e gostei do que li. Mas agora não tenho tempo para ver e ler tudo. Adicionei o seu blog aos meus favoritos e voltarei para ver mais.
Bem haja, Fernando

19/2/07 14:34  

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