17 outubro 2006

12 de Maio de 1946

O dia 12 de Maio de 1946 já havia nascido e o cais de embarque registava a azáfama característica dos dias de partida. À volta do majestoso paquete centenas de pessoas movimentavam-se num formigueiro contínuo. Umas entravam e saíam pelas pontes de cordas que ligavam o solo firme às portas do navio, outras procuravam desesperadamente a entrada certa como se um atraso as pudesse impedir de embarcar, outras corriam aparentemente sem sentido de um lado para o outro.
Alguns rapazes precipitavam-se sobre as pessoas para lhes carregar as malas em troca de uma moeda enquanto os “chauffeurs” paravam os carros junto ao cais para deixar os seus patrões, “gente bem” reconhecível pelas vestimentas e sobretudo pelo aparato dos adornos. As famílias despediam-se. Uns choravam, outros riam mas todos sabiam que a ausência seria longa e em alguns casos definitiva.
Naquele tempo, a viagem levava cerca de três semanas. Neste caso específico duraria, segundo os relatos que chegaram aos dias de hoje, exactamente vinte e um dias.
No dia 2 de Junho de 1946 chegavam a Luanda, passageiros desse paquete, a minha mãe (na foto, em cima do barril ladeada pelos pais, no dia do embarque), os meus avós e alguns parentes, iniciando assim uma “aventura” que haveria de marcar para sempre toda a família.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A vida corre a uma velocidade incrivel, não é?
Quando nos apercebemos passamos de crianças/adolescentes, cheios de sonhos e projectos, a adultos a pensar já no fim da vida ( ou quase....
De certeza que é isso que a tua mãe deve sentir, que passou rápido de mais a sua fase de criança; e agora já é ela avó de 3 crianças!
Por isso, temos mais é que aproveitar ao máximo todos os dias e realizar todos os nosso projectos.
E se não estamos contentes com a nossa situação presente, temos que dar o salto para outras situações que nos pareçam mais favoráveis.
Ficarmos sem fazer nada, apesar de insatisfeitos é que não!
Bjs
ie

18/10/06 14:20  
Anonymous Anónimo said...

Começo a sentir-me pequenina por nunca ter ido a Angola. O meu pai conhece, da guerra colonial. Anos mais tarde, não resistiu e voltou lá, para mostrar à minha mãe o lugar onde vivera tantas amarguras e tanto deslumbramento.
Olha lá, quando começas a contar essas "aventuras" que a família viveu? É que este post que escreveste parece mesmo o prólogo de um longo romance... Vá lá, conta... vá lá....

bjs

20/10/06 17:58  
Anonymous Anónimo said...

oh mano,
atao tu tem blog e so agora eh q diz?
tou a pensar em arranjar 1, e pelo menos ja sei q me podes ajudar.
"prontos", ja tas aki nos m favoritos.
kss paula

20/10/06 20:59  

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