18 março 2009

Fazer o pino no Rio Seco

À porta de minha casa, na Rua da Maianga

Por trás da minha casa em Luanda, havia um parque conhecido por Rio Seco porque ficava junto a uma larga conduta de água em cimento, sem cobertura, que parecia o leito de um rio e que a maior parte do tempo estava vazia.

Lembro-me que existia lá um ringue de patinagem para onde, de vez em quando, ia jogar hóquei com o meu primo Nelito. Sim, que nós tínhamos patins, sticks, bola e queríamos ser jogadores “a sério”. Havia também relvados, baloiços, escorregas e outros brinquedos para os miúdos.

A recordação mais marcante que tenho desse parque foi um braço torcido. Armei-me em artista e tentei fazer o pino mesmo sem saber. Torci o braço e tive dores fortíssimas o resto do dia. Como não passavam, o meu avô Fernando levou-me a um desses milagreiros em vias de extinção conhecidos por “endireitas”, que além de recolocar tudo no seu devido lugar me ofereceu um saco cheio de rebuçados, fazendo quase valer a pena ter deslocado o braço.

Nunca esqueci este episódio, de tal forma que tive sempre medo de voltar a tentar fazer o pino. Ainda hoje não sei fazê-lo. Mas já prometi a mim próprio que quando lá voltar vou tentar. Nem que seja para marcar o meu regresso.