24 setembro 2006

As entidades superiores

Na segunda-feira, dia 18 as minhas meninas continuavam internadas e logo de manhã, depois de deixar o Marcelo no infantário, fui a correr para junto delas.
Estacionei o carro ao fundo da Rua Alferes Malheiro, que acaba justamente no cruzamento onde fica a Ordem da Trindade. Passei o dia a colocar consecutivos talões de parcómetro no carro, não fosse aparecer um polícia municipal com vontade de me deixar um “postal de Parabéns” no pára-brisas.
Numa das vezes, por volta das 17h, dirigi-me ao cimo da rua para comprar mais duas horas de descanso e comecei a descer a rua em direcção ao carro. À minha frente seguiam mãe e filha, de raça negra, carregando “a meias” um saco de compras que parecia bem pesado. Tentei passar para a sua frente mas não consegui. Fiz então barulho com os pés, assinalando a minha presença. A mãe reagiu de imediato, dirigindo-se à filha com extrema educação, que nisto de se ser educado não é uma via de sentido único e há que dar o exemplo:
“Luana, deixa passar o senhor, se fazes o favor.”
Arrepiei-me, incrédulo, mas duvidando de que tivesse percebido bem. Parei, no entanto, e perguntei à senhora se tinha ouvido mal ou se o nome da filha era Luana, recebendo a sua confirmação mas também a sua estranheza pela minha interpelação. Justifiquei que o meu espanto se devia ao facto do nome ser invulgar e à coincidência de ter uma filha com dois dias de vida “ali, na Ordem da Trindade, naquela janela que se vê daqui” com o mesmo nome.
Se vos disser que o nome Luana tem origem africana e que se trata de uma abreviatura de Luanda, a cidade onde nasci, compreenderão melhor o facto de eu ter realçado o facto daquela mãe e daquela Luana serem de raça negra.
Se calhar, foram “as entidades superiores” da minha Mãe-África que quiseram dar-me um sinal de terem abençoado a nossa Luana. Assim seja!

16 setembro 2006

Apresento-vos a Luana

Hoje, dia 16 de Setembro de 2006, às 10h16, nasceu a Luana. Seria neste momento impossível transmitir o que sentimos durante este dia. Mais tarde terei certamente a clarividência necessária para vos contar em pormenor este primeiro dia da vida do novo astro cá de casa. A menina e a mamã estão as duas muito bem e a família está ainda mais feliz. Beijinhos a todos.

08 setembro 2006

Ao ritmo das contracções

01 Julho 2002
Era domingo, dia de final de campeonato do mundo, o Brasil ia defrontar a Alemanha e o convite era tentador: um churrasco à brasileira, bem animado, à beira da piscina. Preparado ao pormenor, nenhum ingrediente essencial faltava: caipirinha, picanha, feijão, farofa, família, futebol e samba. Tudo ajudou à festa: o Brasil foi penta, o sol brilhou, a caipirinha escorregou e o churrasco… bem, o churrasco voou!
Todos nos perguntavam, ao longo do dia, para quando “era” e a nossa resposta repetia-se invariavelmente: “Daqui por 3 semanas”.
Nessa noite “rebentaram as águas” e não tivemos tempo de sentir crescer a ansiedade da espera tão característica das últimas semanas. Na segunda feira, 1 de Julho 2002 às 13h33, nasceu o Marcelo. Ainda hoje digo, em jeito de brincadeira, que tanta animação fez com que ele não tivesse resistido à vontade de também estar “cá fora”.
Desta vez, tudo está a ser diferente. A gravidez correu sempre bem e o tempo está a acabar. O falso alarme desta semana ainda veio aumentar o “ nervoso miudinho”. Pensámos sempre que a Luana chegaria antes do tempo como o irmão mas agora já nos parece que vai saborear a estadia “no quentinho” até ao fim.
O que nos coloca num estado em que nos sentimos viver, não ao ritmo das pulsações, mas sim das contracções.
Por mais quantos dias?